Veteranos e novatos disputam cargos de vice nas Eleições 2022

Jaqueline Silveira

Veteranos e novatos disputam cargos de vice nas Eleições 2022
Os concorrentes tanto a vice-presidente quanto a vice-governador, na maioria das vezes, são coadjuvantes numa campanha eleitoral diante do protagonismo dos candidatos a presidente e a governador. Mas é bom o eleitor olhar com lupa o currículo do segundo posto nas chapas majoritárias. Isso porque a história recente do Brasil recomenda prestar atenção também no vice.  

Desde a redemocratização do país, três vices assumiram o país e foram responsáveis por concluir o mandato para o qual foram eleitos ao lado do presidente. Com a doença de Tancredo Neves (MDB), internado na véspera da posse, em março de 1985, ele foi substituído por José Sarney (PFL), que, com a morte do chefe eleito do país numa eleição indireta, assumiu definitivamente o cargo e governou o país pelos quatro anos.

Já Itamar Franco (MDB) terminou o mandato com o impeachment de Fernando Collor (PRN), em 1992. Ele comandou o Brasil do final de 1992 até 1º de janeiro de 1995. E, mais recentemente, Michel Temer (MDB), reeleito ao lado de Dilma Rousseff (PT), governou por mais de dois anos e concluiu a gestão após o impeachment da petista. O emedebista permaneceu no cargo de maio de 2016 a 1° de janeiro de 2019.      

Os dois candidatos a presidente têm vices com perfis muito diferentes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como companheiro de chapa um político: o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem como vice um militar e que ingressou na política partidária neste ano: o general Braga Netto.

Pela sua trajetória, Alckmin é o mais conhecido entre os dois. O médico foi governador de São Paulo por quatro mandatos, o primeiro deles, o ex-tucano  apenas o concluiu, em 2002, com a morte de Mário Covas (PSDB). Em 2006 e 2018, ele concorreu a presidente, na primeira eleição, inclusive, foi adversário de Lula, que o derrotou.

Neste ano, Alckmin deu uma guinada e tanto na sua trajetória. Tucano histórico, ele se viu preterido pelo então vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) para disputar o comando de São Paulo e se desfiliou do PSDB. De quebra, ingressou no PSB e virou vice do ex-presidente petista, algo improvável até bem pouco tempo por ser um crítico de Lula. O agora socialista tem participação de destaque na campanha do petista e quase sempre se faz presente nas agendas. Também é visto como um nome com perfil para atrair votos mais ao centro.

Por outro lado, o vice de Bolsonaro é um novato na política partidária. De Minas Gerais, o general da reserva Braga Neto se filiou ao PL este ano para ficar em condição de concorrer ao lado do capitão. Muito próximo de Bolsonaro e homem de sua confiança, ele já ocupou o ministério mais importante do Palácio do Planalto: o da Casa Civil. Antes, foi assessor especial da Presidência e, após a chefia da Casa Civil, foi ministro da Defesa.  

Contudo, Braga Neto ficou conhecido no país ao ser nomeado pelo então presidente Michel Temer como interventor no Rio de Janeiro. Diante de uma grave crise na segurança do Estado, assumindo o controle das polícias Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros. Foi nesse período, em 2018, que o general quatro estrelas começou a circular mais no meio político e conceder mais entrevistas por entender que era importante a comunicação.

 Em 10 meses como interventor à frente da segurança do Rio, ganhou traquejo político. Considerado por Bolsonaro como “o vice dos sonhos”, Braga Neto não divide tanto o palanque  com o atual presidente nas agendas quanto Lula e Alckmin, entretanto tem atuação relevante, principalmente, nos bastidores, já que é um dos coordenadores de campanha e ajuda a traçar as estratégias. Escolhido para agradar as Forças Armadas, o candidato a vice costumar viajar  pelo país para fazer agendas sozinho.

Geraldo Alckmin

Foto: Ricardo Stuckert (PT/Divulgação)

Natural de Pindamonhangaba (SP), 69 anos, ingressou no PSB em março de 2022, depois de décadas no PSDB. Médico, ele foi governador de São Paulo por quatro mandatos, prefeito da capital paulista  e concorreu duas vezes a presidente, em 2006 e 2018Candidato a presidente – Luiz Inácio Lula da Silva (PT)Coligação – Federação PT/PCdoB / PV,  Solidariedade,  federação PSol/ Rede, PSB,  Agir,  Avante e Pros

Walter Souza Braga Neto

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebon (Divulgação)

Natural de Belo Horizonte (MG), 66 anos, filiado ao Partido Liberal (PL) desde março de 2022. General quatro estrelas da reserva, ele foi interventor e assumiu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro, em 2018. No governo Jair Bolsonaro (PL), foi chefe da Casa Civil e ministro da Defesa, além de assessor da PresidênciaCandidato a presidente – Jair Bolsonaro (PL)Coligação – PL, Republicanos e Progressistas

Professora e deputado concorrem a segundo posto no Piratini

No Rio Grande do Sul, não costuma ser comum o vice assumir e terminar o mandato. No máximo, o governador e candidato à reeleição tira férias ou uma licença no auge da campanha para cumprir todas as agendas. Contudo, em março de 2022, ocorreu a renúncia do governador Eduardo Leite (PSDB), que mirava a disputa presidencial. Para isso, de acordo com a exigência da Lei Eleitoral, ele precisou renunciar ao cargo seis meses antes do pleito, já que projetava concorrer ao Planalto – se fosse ao Piratini, o tucano não precisaria se afastar. Com a renúncia, no final de março, o Estado é governado por Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que era vice e é bem afinado com Leite.  

Os dois candidatos que disputam o segundo turno no Estado, Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite, têm políticos como companheiros de  chapa. Vereadora por dois mandatos em Guaíba, Região Metropolitana, Cláudia Jardim, professora Claudinha como é conhecida, é a vice de Onyx, também do Partido Liberal. Professora estadual, ela é atualmente vice-prefeita de Guaíba. Ao ser anunciada como sua companheira de chapa, o candidato destacou o fato de ser uma mulher e professora pública.  

No primeiro turno das eleições, a professora não teve tanto destaque e nem esteve com Onyx na maioria das agendas. Já neste segundo turno, ela tem acompanhado o candidato em grande parte dos atos políticos, inclusive participou ao lado de Onyx de um encontro regional em Santa Maria, no último domingo.

Comparado à vice do candidato do PL, o companheiro de chapa de Eduardo Leite é mais conhecido no Estado. Deputado estadual de segundo mandato, Gabriel Souza (MDB) ganhou projeção, principalmente, ao presidir a Assembleia Legislativa, em 2021, e ser um aliado fundamental do ex-governador na aprovação de medidas duras. Gabriel, aliás, era visto por Leite como seu sucessor no Palácio Piratini e chegou a se lançar candidato do MDB, mas, como os planos do tucano em concorrer a presidente não deram certo, ele recuou e disputa a reeleição. Com isso, o MDB, embora parte tenha protestado, uniu-se ao ex-governador, e o deputado virou vice.  

Desde a confirmação da dupla, Leite e Gabriel fizeram  juntos as agendas no primeiro turno. Já neste segundo, dividiram-se nos compromissos. Gabriel, por exemplo, veio sozinho a Santa Maria para um encontro regional no dia 15 de outubro.  

Cláudia Jardim

Foto: Eduardo Ramos (Arquivo Diário)

Natural de Guaíba, 40 anos, filiada ao PL, é vice-prefeita da cidade e também já ocupou, por dois mandatos, o cargo de vereadora. É professora de Ensino Médio.Governador – Onyx Lorenzoni (PL)Coligação – PL, Republicanos, Patriota e Pros

Gabriel Souza

Foto: Nathália Schneider (Arquivo Diário)

Natural de Porto Alegre, 38 anos, filiado ao MDB, é deputado estadual de segundo mandato. Chegou a se lançar candidato ao governo do Estado antes de o MDB formar a coligação com o PSDB. É médico veterinárioGovernador – Eduardo Leite (PSDB)Coligação – Federação PSDB/Cidadania, MDB, PSD, Pode e União Brasil

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